Desmistificando ideias que te impedem de fazer as pazes com o teu bolso (e com o mês que nunca acaba) esses mitos sobre Finanças pessoais não o fazem crescer financeiramente.

Em Moçambique, finanças pessoais ainda são um assunto cercado por muitos mitos, palpites aleatórios e conselhos de quem “ouviu dizer”. O problema? Muita gente leva essas ideias como verdades absolutas e acaba a gerir mal o pouco (ou muito) que tem. E depois, claro, a culpa é sempre do salário que “desaparece” sozinho.

Neste artigo, vamos descomplicar alguns dos mitos mais comuns sobre dinheiro que ainda rondam o dia a dia de muitos moçambicanos. Pega um chá, relaxa e vem comigo.


Mito 1: Só quem ganha muito pode poupar

“Com o meu salário? Mal dá pra chegar ao dia 20!”

É verdade, a vida está cara. Arroz, óleo, energia, tudo sobe, menos o salário. Mas poupar não é sobre ter muito, é sobre organização e disciplina.

Vamos imaginar o João, que trabalha numa padaria no Chamanculo e ganha 6.000 meticais por mês. Se ele conseguir separar apenas 300 meticais por mês, ao fim de um ano terá 3.600 meticais. Parece pouco? Pode não mudar o mundo, mas já cobre um susto: uma ida ao hospital, uma avaria do telefone ou até o uniforme escolar do filho.

A lógica é: não é sobre quanto, é sobre começar.

Mito 2: Ter várias contas bancárias ajuda a poupar

Muita gente abre conta em todos os bancos que encontra: um para receber salário, outro para guardar o “dinheiro sério”, outro porque a prima trabalha lá. Resultado? Taxas em dobro, confusão tripla e quase nenhum controlo.

Ter muitas contas não significa ter mais dinheiro, pelo contrário, pode dificultar o controlo financeiro. O ideal é ter uma conta principal e, no máximo, outra para guardar o que estás a poupar de preferência,não use o cartão, para evitar tentações.

Dica real: usa envelopes ou até um “xitique digital” com amigos confiáveis se ainda não te sentes à vontade com bancos.

Mito 3: Falar de dinheiro é falta de educação

Quantas vezes já ouvimos “não se pergunta quanto alguém ganha” ou “não se fala de dinheiro à mesa”? Crescemos a acreditar que dinheiro é um tabu.

Mas isso só nos atrasa. Se não falamos sobre finanças, como vamos aprender, trocar experiências e crescer? Falar de dinheiro em casa ensina as crianças a serem responsáveis. Falar com os amigos pode ajudar a evitar dívidas por pressão social. Falar com o parceiro evita brigas e surpresas.

Quantos casais não se separam porque um escondia dívidas do outro? Conversar sobre finanças devia ser tão normal quanto falar do preço da cebola no mercado.

Mito 4: Cartão de crédito é dinheiro extra

Ah, o cartão. Esse pedaço de plástico que muitos tratam como um baú mágico. Apesar de que muitos moçambicanos não têm acesso a cartão de crédito, muitos fazem dívidas nos bancos para aumentar a renda.
Compra-se agora, resolve-se depois. Mas “depois” chega com juros.

Em Moçambique, nem sempre se entende bem como o crédito funciona. Mesmo não tendo cartão de crédito muitos caem na armadilha de fazer compras parceladas sem considerar que o “preço real” pode ser muito maior.

Exemplo: Um telemóvel de 15.000 MZN comprado a crédito pode acabar a custar 20.000 MZN depois de 12 meses. Isso é quase um salário inteiro!

Se usares cartão de crédito, usa com consciência. E lembra-te: não é dinheiro teu é dinheiro emprestado.

Mito 5: Investir é só para ricos

“Investimento” ainda parece coisa de milionário sentado em frente à televisão a ver ações da bolsa. Mas a realidade já mudou.

Hoje em dia, há formas simples e acessíveis de investir, mesmo com pouco. Fundos de investimento, e até bancos nacionais permitem aplicar dinheiro aos poucos.

Exemplo real: A Lurdes, uma jovem costureira da Matola, começou a guardar 500 MZN por mês no xitique. Depois de um ano, usou o valor acumulado para comprar uma máquina de costura moderna e aumentou seus lucros. Isso é investimento!

Mito 6: Viver de salário em salário é normal

Infelizmente, essa frase tornou-se comum. Mas viver no limite, com medo do fim do mês, não deve ser o normal. É possível construir uma pequena reserva de emergência, ainda que demore. O segredo está em controlar gastos desnecessários (sim, aquele refrigerante diário ou as recargas impulsivas também contam).


Libertar-se dos mitos é um grande passo para a liberdade financeira

A verdade é simples: ninguém nasce sabendo gerir dinheiro. Mas todos podemos aprender com paciência, informação e coragem para mudar hábitos.
Moçambique está cheio de potenciais empreendedores, pais responsáveis, jovens sonhadores só faltam largar os mitos e pegar na realidade com as duas mãos.

Porque no fim do mês, ou melhor, no fim das contas, o que faz a diferença não é o quanto se ganha, mas o quanto se entende sobre o dinheiro que se tem. Que Deus nos abençoe!

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